Notícia

O Mercado da Saúde

Jorge Jatobá, Doutor em Economia
04 de Maio de 2023

04 - Mai

Está havendo mudanças na estrutura dos negócios da Saúde. Há, no setor, transformações estruturais no Brasil e em Pernambuco e há uma crise aparentemente conjuntural que envolve os planos de saúde que foi agravada, mas não só, pelas consequências da pandemia. Ambas tem implicações sobre os custos e a qualidade da prestação dos serviços de saúde, com reais e potenciais prejuízos para a sociedade.

Do ponto de vista estrutural está havendo no mercado da prestação de serviços privados de saúde um processo de aquisições e fusões que tem conduzido, no caso de Pernambuco, um dos maiores polos médicos do país. à desregionalização do capital e do processo decisório. Uma grande rede de hospitais com sede no eixo Rio -São Paulo comprou quatro hospitais em Recife e Olinda Esta mesma rede adquiriu uma das maiores operadoras de planos de saúde do país. Outra, estrangeira e que também opera com planos de saúde, comprou outro hospital de grande porte na cidade. Por sua, vez, clinicas de exames, laboratoriais e de imagens locais, com algumas exceções, foram adquiridas por empresas de fora do Estado e do país. As aquisições e fusões na cadeia produtiva da saúde (redes hospitalares, operadoras, laboratórios, empresas fornecedoras de insumos, etc.) conduzem a uma verticalização e a uma concentração de capital e de poder econômico para o qual o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Agência Nacional de Saúde (ANS) têm que estar atentos. O consumidor pode ser afetado negativamente neste processo. Oligopólios não trazem bem-estar aos consumidores porque tendem a cobrar preços mais altos e a criar escassez.

Por sua vez, a pandemia ao levar a um represamento de consultas e exames médicos conduziu as operadoras de planos de saúde a enfrentar altas taxas de sinistralidade (razão entre receitas e despesas). Essa, razão, hoje, está em torno de 89,21% (FSP, 25 de abril de 2023) com algumas delas operando acima de 100%. Em 2022, as receitas cresceram 5,6% e as despesas 11,1%. Como resultado, prejuízos alcançaram, neste último ano, R$ 11,5 bilhões. Muitas operadoras entraram no vermelho, em 2022, e outras trabalham com margens muito estreitas

Neste contexto, tem-se a demora de hospitais, clinicas e prestadoras de serviços de pagarem as faturas devidas às operadoras. Estima-se que esses atrasos montem a cerca de R$ 1,1 bilhões. A percepção é que essa situação tende a se agravar em 2023. As principais consequências para os consumidores ou beneficiários de planos de saúde são: aumento do prêmio (custos) para pessoas, famílias e empresas, demora no agendamento de cirurgias eletivas e outros procedimentos, aumento da glosa em procedimentos já realizados e pressão para aumentar a coparticipação em exames, para ampliar as consultas virtuais e para limitar o número de consultas, exames, procedimentos por período de tempo (mês, ano, trimestre). Por sua vez, hospitais e clinicas reclamam dos baixos preços pagos pelas operadoras e estas, por sua vez, estão demorando a receber dos prestadores de serviços os pagamentos devidos.

Mudanças estruturais e crises conjunturais estão a exigir das autoridades econômicas e da agência reguladora de saúde providências para evitar que os efeitos desses eventos transformadores ou transitórios afetem a qualidade de vida da população que cada vez mais tem menos condições de pagar e ser usuário de planos e serviços privados de saúde. Isso aumenta ainda mais a pressão sobre o sistema público de saúde (SUS) que já tem sua próprias dificuldades e desafios especialmente no que diz respeito à cobertura e financiamento.

Notícias Recentes

Soluções

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site.
Ao utilizar nosso site e suas ferramentas, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ceplan - Política de Privacidade

Esta política estabelece como ocorre o tratamento dos dados pessoais dos visitantes dos sites dos projetos gerenciados pela Ceplan.

As informações coletadas de usuários ao preencher formulários inclusos neste site serão utilizadas apenas para fins de comunicação de nossas ações.

O presente site utiliza a tecnologia de cookies, através dos quais não é possível identificar diretamente o usuário. Entretanto, a partir deles é possível saber informações mais generalizadas, como geolocalização, navegador utilizado e se o acesso é por desktop ou mobile, além de identificar outras informações sobre hábitos de navegação.

O usuário tem direito a obter, em relação aos dados tratados pelo nosso site, a qualquer momento, a confirmação do armazenamento desses dados.

O consentimento do usuário titular dos dados será fornecido através do próprio site e seus formulários preenchidos.

De acordo com os termos estabelecidos nesta política, a Ceplan não divulgará dados pessoais.

Com o objetivo de garantir maior proteção das informações pessoais que estão no banco de dados, a Ceplan implementa medidas contra ameaças físicas e técnicas, a fim de proteger todas as informações pessoais para evitar uso e divulgação não autorizados.

fechar