Notícia

Gamificação – como os jogos podem impactar positivamente os negócios

Ademilson Saraiva
09 de Fevereiro de 2022

09 - Fev

Artigo publicado originalmente no Movimento Econômico em 05 de fevereiro de 2022 e escrito por Ademilson Saraiva.

A indústria de jogos eletrônicos percebeu um momento de forte expansão na venda de consoles, componentes, aplicativos e conteúdos relacionados durante a pandemia. Segundo o Global Games Market Report, da Newzoo, consultoria especializada em inteligência de dados e estratégias para empresas de entretenimento, o ano de 2020 superou todas as expectativas de um ano regular nesse mercado.

Em números: a receita global dos games cresceu 23,1% em 2020, alcançando o recorde de US$ 177,8 bilhões, com aumento de 5,3% em usuários ativos, chegando à marca de 2,85 bilhões de players.

Obviamente, a necessidade de isolamento e a restrição sobre entretenimentos urbanos tradicionais, como shows e eventos esportivos, levou a busca por outras formas de lazer, essencialmente domésticos, favorecendo a venda de games no primeiro ano da pandemia. Nesse cenário, a busca por jogos eletrônicos tanto atraiu novos jogadores quanto reacendeu a experiência da jogabilidade para antigos apreciadores.

Embora a expectativa fosse de acomodação ou mesmo de arrefecimento face ao avanço extraordinário do ano anterior, as estimativas da Newzoo em janeiro de 2022 registram um aumento de 1,4% em receitas no ano passado, chegando a US$180,3 bilhões, e um avanço do número de jogadores semelhante ao de 2020, vencendo a barreira de 3 bilhões de usuários.

Além disso, projeta-se um alcance de US$ 218,8 bilhões em 2024. Se confirmado, esse resultado expressa um crescimento nominal de 8,7% ao ano, em receitas, desde 2019.

Uma das razões do crescimento contínuo esperado nos próximos anos é a expectativa de que os jogos eletrônicos tomem relevância para além do entretenimento. Entre as perspectivas estão o crescimento dos jogos play-to-earn (“jogar para ganhar”) – uma estratégia de monetização que atrai adeptos que procuram unir diversão e recompensas e é impulsionada pela “nova onda” da realidade virtual, o metaverso, e pelos open world games (jogos de mundo aberto) – e a introdução dos e-sports como modalidade olímpica – uma discussão aberta desde 2017 pelo Comitê Olímpico Internacional (COI ).

Essas são perspectivas de futuro, não tão longínquas, para o universo gamer e o ambiente virtual. Mas, o crescimento desse mercado nos últimos anos elevou a influência da jogabilidade a outro patamar, chegando a ambientes do mundo real.

O fato é que as técnicas de gamificação – uso de elementos e procedimentos inspirados em jogos para gerar interações no cotidiano real, visando engajamento, produtividade e benefícios aos participantes –, já experimentadas em metodologias educacionais e aplicativos móveis presentes no nosso dia a dia, a exemplo do Waze, devem se tornar cada vez mais presentes em ambientes corporativos.

Longe de ser apenas brincadeira, pelo contrário, a gamificação em negócios é coisa de gente grande: Google, Microsoft, Nike, Domino’s, Santander… São apenas alguns exemplos de empresas, mas que denotam a diversidade de segmentos em que a gamificação pode ser aplicada no dia a dia da equipe de colaboradores.

Certamente, atividades lúdicas não são novidade no campo da gestão de pessoas e no universo das corporações, sobretudo em processos de recrutamento e seleção. Porém, é mais recente a tendência em que elas são incorporadas de forma mais consciente do seu impacto sobre o engajamento e a produtividade dentro das empresas.

Exemplos de como a gamificação pode impactar negócios, relacionam-se com:

Gestão do bem-estar (físico, mental e social). Programas de incentivo à pratica de atividades físicas e terapêuticas pelos funcionários, monitorados por plataforma digital, com geração de benefícios por alcances individuais e prêmios por metas compartilhadas com a equipe. Além de proporcionar aumento do bem-estar dos colaboradores, também permite à empresa planejar melhor os seus custos com saúde e prevenção no ambiente laboral, reduzir o absenteísmo e aumentar a produtividade.

Gestão do conhecimento. Treinamentos gamificados, acompanhados por ambientes virtuais de aprendizado, com bonificação ou premiação (como folgas ou vouchers para opções de lazer, por exemplo), podem trazer como resultado a aceleração em processos de aprendizagem organizacional. Colaboradores mais atualizados, e motivados a isso, garantem à empresa mais capacidade na gestão de riscos, conflitos e atenção às oportunidades no negócio.

Gestão da inovação. Em uma colaboração gamificada e inspecionada por plataforma digital, há entregas de valor a partir de diversos setores da empresa e o favorecimento de uma visão integrada do negócio, como ganho sobre a propriedade intelectual à empresa; o prêmio pela colaboração, por sua vez, pode estar atrelado a incentivos de curto prazo – permitindo uma estratégia de remuneração variável sobre a qual o colaborador tem acesso transparente aos mecanismos definidos, e de longo prazo – permitindo maior participação e mobilidade no plano de cargos e carreiras.

Sobre este último aspecto, cabe ressaltar que ninguém mais que os colaboradores conhecem os percalços do cotidiano no nível operacional da empresa. No dia a dia, muitas ideias para melhoria de processos se perdem, ou não são colocadas em análise, simplesmente por que os sistemas de informação gerencial e estratégico muitas vezes não alcançam e não conseguem criar uma forma de estimular a colaboração – sem distorcer a hierarquia de relações entre gestores e funcionários e sem gerar assimetria de informações. Dessa forma, um sistema gamificado permite incentivar, organizar e premiar insights vaporizados pela verticalidade.

Nesse sentido, além de ser uma inovação em processos, per se, a gamificação pode fortalecer, ou mesmo criar, as bases para o programa de inovação em uma empresa.

O salto nas possibilidades de aplicação dessas técnicas, proporcionado pelo avanço da internet das coisas (ou IoT, internet of things), traz um vasto campo de oportunidades para empresas de tecnologia da informação, engenharia e game designer.

Em Pernambuco, tendo como referência o Porto Digital, as empresas de diversos segmentos têm terreno fértil para buscar apoio na formulação e implementação de estratégias de gamificação em seus negócios.

A vantagem é que – diferente de um jogo convencional, onde, invariavelmente, apenas um lado é o vencedor – da inspiração nos open world games, a gamificação introduz dinâmicas de jogos com vantagens mútuas, para empresas e colaboradores. Let’s play

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