Notícia

Energia Renovável para o Desenvolvimento do Nordeste: o Powershoring

Jorge Jatobá (Artigo publicado no JC)
20 de Outubro de 2025

20 - Out

No Brasil, 86,2% (207 de 240 GW) e, no Nordeste, 86,8% (59 de 68 GW) da potência instalada de energia elétrica têm origem em fontes renováveis: hidroeletricidade, energia solar e eólica, e biocombustíveis de várias gerações. No Nordeste, dos 59GW de potência instalada de energia renovável, 28,8GW, ou 48,8%, são de energia eólica. A Região já responde por 28,5% da matriz energética renovável do Brasil e a tendência é de crescimento. O Nordeste, portanto, tem aumentado a capacidade instalada de energias renováveis, sobretudo as de origem eólica e solar. Isso tem gerado um excedente de energia renovável na região. Em termos de geração (MW/hora), 93% da energia produzida no Nordeste tem origem em fontes renováveis.

O excesso de energia tem levado a ANEL através do Operador Nacional do Sistema (ONS) a reduzir a geração de energia eólica e solar causando prejuízo às empresas. Rebalancear oferta e demanda de energia por meio do denominado curtailment é um desafio para o planejamento energético do país e da região, agravado com a expansão da geração distribuída em milhões de residências e empresas.

A solução é utilizar esse excesso de oferta na região, endogenizando a demanda, ou seja criando procura por meio de reconversão energética, de fóssil para renovável, dos empreendimentos já instalados na região e atraindo novos investimentos movidos por energia limpa nos diversos setores da economia. O conceito de Poweshoring é relevante neste contexto porque centra-se na descentralização da atividade produtiva para mercados localizados em territórios, países ou regiões e que utilizam nos seus processos de produção energia limpa e barata disponível em escala suficiente para garantir com segurança seu suprimento.

O Powershoring tem potencial para reduzir custos, melhorando a alocação de recursos, e para promover a competitividade da economia pelo aumento da eficiência produtiva. Além disso, irá acelerar a descarbonização e contribuir para o “compliance” ambiental das empresas e das que adotam o ESG.

O Powershoring pode também contribuir para reduzir e/ou eliminar custos com energia e com cotas de emissão, ofertar produtos verdes no mercado, reduzir gastos com compliance ambiental e reduzir impostos. O conceito se adotado e aplicado em políticas voltadas para os setores de alta e média emissões do efeito estufa como ferro e aço, alumínio, cerâmica, vidro, fertilizantes, cimento e outros materiais de construção, veículos automotores, química, metalmecânico e farmacêutico que estão distribuídos nos territórios dos estados nordestinos, podem fortalecer a competitividade da região mudando seu paradigma de desenvolvimento do ponto de vista da descabornização.

O Brasil, e particularmente o Nordeste, estão avançando na transição energética que está sendo acelerada pela Guerra da Ucrânia, pelas consequências da pandemia, pelos conflitos no Oriente Médio, pelas políticas de reshoring e nearshorig que resultam dos conflitos geopolíticos dos Estados Unidos com a China e o resto do mundo pelo Governo Trump e pela crescente relevância da agenda ambiental onde se destaca a descabornização.

O Nordeste tem uma matriz energética majoritariamente renovável e pode aumentá-la a custos decrescentes devido a ganhos de escala. Dessa forma, pode aumentar a produção de energia renovável para uso próprio e exportá-la, mas não como uma comodity. O desafio não é só expandir as linhas d transmissão. É consumir essa energia dentro da região. Pode também vender para o exterior os bens manufaturados com ela produzidos. Os complexos industriais portuários já existentes como os de Suape, Itaqui, Aratu e Pecém, e os diversos polos industriais nordestinos têm enorme potencial para abrigar essas transformações, e já a iniciaram com o anúncio de vários projetos de hidrogênio verde que podem ser utilizados na produção doméstica de alimentos, refino de petróleo, siderurgia, fertilizantes e química.

Essa transformação produtiva ensejada pelo Powershoring, conforme evidencia estudo realizado pela CEPLAN Consultoria para o Instituto Clima e Sociedade (ICS), tem potencial para adensar cadeias regionais de valor com impactos positivos sobre as pequenas e médias empresas, aumentar a produtividade e a competitividade da economia regional, elevar as exportações, expandir arrecadação tributária e gerar empregos de qualidade, estimulando pelo seu avanço, também a inovação em bens e processos.

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