Notícia

Censo Demográfico Pernambucano

30 de Junho de 2023

30 - Jun

O IBGE divulgou essa semana as primeiras informações do Censo Demográfico 2022. Em Pernambuco o destaque ficou para a queda no número de habitantes em um conjunto relevante de municípios. Entre 2010 e 2022 foram 87 dos 185 municípios com taxa de variação negativa, 47 deles com redução maior que 5%. Entre os que apresentaram redução, apenas Olinda (-7,4%), Recife (-3,2%) e Jaboatão dos Guararapes (-0,1%) com populações acima de 100 mil pessoas.

Observando a regionalização do estado, fica evidente que houve crescimento populacional na maioria dos territórios, com exceção da Mata Sul (-7,9%) e do Núcleo Central da Região Metropolitana do Recife (-3,5%). Entre as regiões com crescimento, os destaques foram o Sertão do São Francisco (+22,2%) e o Núcleo Norte da RMR (+11,9%).

Os dados do Censo 2022 ainda estão sujeitos a revisões que podem implicar em atualizações e correções. Além disso, análises complementares e necessárias ainda poderão ser realizadas quando o IBGE iniciar a liberação de suplementos da pesquisa, especialmente sobre o mercado de trabalho, a infraestrutura urbana e as características dos domicílios.

Entretanto, a dinâmica registrada pela visão regionalizada permite levantar hipóteses e corroborar tendências acompanhadas no período intercensitário, como o surgimento ou emersão de polos de desenvolvimento e a persistência de um elevado déficit habitacional.

• sobre a Mata Sul: a desmobilização de mão de obra da industrial naval em SUAPE, por um lado, e, por outro, os recorrentes eventos climáticos, impelindo a população local em busca de oportunidades em outros territórios, inclusive para áreas de moradia inadequada.
• sobre o Núcleo Central da RMR: diversos fatores podem ter influenciado a dinâmica populacional no período – igualmente levando a busca por oportunidades em outros territórios –, a exemplo de um intensificado processo de transformação digital dos negócios – que tem impactado o emprego no comércio e nos serviços – e de um mercado imobiliário mais acirrado, de ônus excessivo com aluguel.
• sobre o Núcleo Norte da RMR: o dinamismo do polo automotivo, que atraiu força de trabalho e famílias em busca de oportunidades em Goiana e municípios do entorno – a exemplo de Abreu e Lima, Itapissuma, Igarassu e Paulista – favorecendo a expansão populacional.
• sobre o Sertão do São Francisco: o crescimento expressivo tem estreita relação com a dinâmica do emprego formal, impulsionado pela atividade de fruticultura irrigada, especialmente a voltada para beneficiamento e exportação; Petrolina puxa a expansão, que reflete nos municípios do entorno.

Vale mencionar que a redução do número de habitantes tem impacto sobre a redistribuição de recursos financeiros pelo governo federal, reduzindo a parcela do Fundo de Participação dos Municípios. É importante também não descartar possíveis efeitos da pandemia sobre parte do resultado da dinâmica populacional, por região, entre 2010 e 2022, em função da paralização de atividades e falta de trabalho no município onde originalmente o indivíduo exercia a sua ocupação no início de 2020. São análises que o IBGE precisará implementar com o avanço da divulgação do novo Censo.

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