Notícia

A escalada no preço dos alimentos no mundo

Paulo Guimarães
30 de Maio de 2022

30 - Mai

Artigo publicado originalmente no Movimento Econômico em 27 de Maio de 2022 e escrito por Paulo Guimarães*

O inicio da atual década mais parece um roteiro de filme de catástrofe hollywoodiano, mas infelizmente não é filme. Logo no início de 2020 o mundo é acometido por uma pandemia, que surge um século depois da última grande crise sanitária – a gripe espanhola. Como se não bastasse, no começo de 2022 a Rússia invade a Ucrânia desencadeando um conflito bélico, desumano e com fortes repercussões na geopolítica mundial. Tudo isso acompanhado por registros de secas prolongadas em diversos países, inclusive no Brasil.
Paulo Guirmarães, economista e sócio-diretor da Ceplan Consultoria – Foto: Divulgação

Esse cenário um tanto apocalíptico tem reflexos graves, entre eles, a escalada de preços das commodities, com destaque para o valor dos alimentos. Além da interrupção na cadeia de suprimentos provocada pela pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia é travada por países que produzem quase um terço do trigo e da cevada do mundo, entre outras culturas relevantes como o milho. Pelo lado russo há ainda o impacto indireto no preço dos alimentos, já que o País é o maior produtor de potássio do mundo, usado como insumo para produção de fertilizantes. No que se refere às questões climáticas, o Brasil, a China e a Índia sofreram perdas importantes nas safras de soja e trigo.

Nesse contexto, alguns países anunciaram restrições à exportação para evitar desabastecimento interno, ou seja, impactando de forma significativa a oferta global de alimentos. Um dos últimos a anunciar medidas restritivas foi a Índia, grande produtor de grãos, mas com uma população de cerca de 1,38 bilhão de habitantes.
Preço dos alimentos no mundo é o maior dos últimos 60 anos

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o índice mundial de preços de alimentos coletados nos últimos 60 anos, atingiu o recorde mais alto em março de 2022. Diante dessa combinação, a revista The Economist, na edição de 19 de maio, estampou a reportagem da capa com o título “The coming food catastrophe” se referindo a próxima catástrofe alimentar.

Os alertas da FAO, da The Economist e de diversos especialistas, dizem respeito ao efeito do preço dos alimentos principalmente para os países, regiões e populações mais pobres e vulneráveis. Como é de conhecimento, a parcela da renda utilizada no consumo de alimentos das classes mais pobres é significativamente maior que nos demais extratos sociais, ou seja, o impacto é proporcionalmente maior no orçamento familiar dessas pessoas. Além da questão dos preços, há também o alerta ao desabastecimento e o risco de convulsões sociais.

No que diz respeito à política monetária como medida de combate ao processo inflacionário, os Bancos Centrais administram, já há alguns meses, uma escalada no aumento dos juros. Contudo, fica a pergunta sobre as limitações dessas medidas diante de um quadro estrutural e não de aquecimento de demanda.

O que se percebe é o avanço no debate sobre a necessidade de medidas transitórias. Especialistas advogam a concessão de subsídios diretos aos preços ao consumidor ou mesmo ao produtor através dos insumos e meios de produção, até que o mundo possa encontrar uma governança mais adequada para enfrentar esses desafios. O mais curioso é que os elementos citados aqui no artigo são em grande parte de domínio do próprio ser humano: guerras, pandemia, fenômenos climáticos, protecionismo, diplomacia, civilização…

Paulo Guimarães é Economista, doutorando pela Universidade de Lisboa e sócio-diretor da Ceplan Consultoria Econômica

Notícias Recentes

Soluções

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site.
Ao utilizar nosso site e suas ferramentas, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ceplan - Política de Privacidade

Esta política estabelece como ocorre o tratamento dos dados pessoais dos visitantes dos sites dos projetos gerenciados pela Ceplan.

As informações coletadas de usuários ao preencher formulários inclusos neste site serão utilizadas apenas para fins de comunicação de nossas ações.

O presente site utiliza a tecnologia de cookies, através dos quais não é possível identificar diretamente o usuário. Entretanto, a partir deles é possível saber informações mais generalizadas, como geolocalização, navegador utilizado e se o acesso é por desktop ou mobile, além de identificar outras informações sobre hábitos de navegação.

O usuário tem direito a obter, em relação aos dados tratados pelo nosso site, a qualquer momento, a confirmação do armazenamento desses dados.

O consentimento do usuário titular dos dados será fornecido através do próprio site e seus formulários preenchidos.

De acordo com os termos estabelecidos nesta política, a Ceplan não divulgará dados pessoais.

Com o objetivo de garantir maior proteção das informações pessoais que estão no banco de dados, a Ceplan implementa medidas contra ameaças físicas e técnicas, a fim de proteger todas as informações pessoais para evitar uso e divulgação não autorizados.

fechar